quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Do fundo

          Depois de muito amor compartilhado, ele perguntou se planejar o futuro não me assustava. De jeito nenhum, respondi, e emendei: quero isso pra mim; uma família, muitos meninos de joelhos ralados, lindos e felizes. A felicidade, que achava não poder mais crescer, me provou o contrário quando ele disse: Eu posso te dar uma família joia se você quiser. Amei mais naquele instante. E quis tanto crescer com ele, e viver tudo com ele, e ver meus meninos crescerem com ele ao meu lado. Quis muito dividir noites de conversa despretensiosa, sem rumo; revelar segredos, sonhos, até que minha alma fosse desnudada. Até momentos difíceis prometiam ser bons ao lado dele. E a imaginação foi longe, confortando meu coração. Espero, ah!, como eu espero que um dia isso seja verdade.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sugar

"então, que seja doce.
repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. tudo é tão vago como se fosse nada. que seja doce o dia quando eu abrir as janelas e lembrar de você. que sejam doce os finais de tardes, inclusive os de segunda-feira - quando começa a contagem regressiva para o final de semana chegar. que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. que seja (mais do que) doce a voz ao falar no telefone. que seja doce o seu cheiro. que seja doce o seu jeito, seus olhares, seu receio. que seja doce o seu modo de andar, de sentir, de demonstrar afeto. que sejam doce suas expressões faciais, até o levantar de sobrancelha. que seja doce a leveza que eu sentirei ao seu lado. que seja doce a ausência do meu medo. que seja doce o seu abraço. que seja doce o modo como você irá segurar na minha mão. que seja doce. que sejamos doce."


Caio Fernando Abreu




Palavras que falam mais do que eu, com as minhas, conseguiria. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Bem vindo



“Qualquer caminho é apenas um caminho e não constitui insulto algum – para si mesmo ou para os outros – abandoná-lo quando assim ordena o seu coração. (…) Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias… Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma.”

                                                                                     - Carlos Castañeda



Bom te ter de volta no meu caminho, coração.

domingo, 17 de abril de 2011

O Novo

'Preciso muito que alguma coisa muito muito boa aconteça na minha vida... alguma coisa, alguma pessoa. Acho que tenho medo de não conseguir deixar que o passado seja passado, de aceitar verdades pela metade, de viver de ilusão ! Eu preciso muito muito deixar acontecer o momento da renovação, trocar de pele, mudar de cor. Tenho sentido necessidades do novo, não importa o quê, mais que seja novo, nem que sejam os problemas. Preciso deixar a casa vazia para receber a nova mobília ! Fazer a faxina da mente, da alma, do corpo e do coração ! Demolir as ruínas e construir qualquer coisa nova, quem sabe um castelo. '

                                                                                                                           Caio Fernando Abreu

sábado, 5 de março de 2011

       A gente acaba se dando conta de que deste sentimento não dá pra fugir. Por mais que a gente não deseje mais viver de tal jeito, a gente não tem escolha. A nossa cabeça pensa, planeja, decide, e aí vem o coração para lhe puxar o tapete. Não adianta.
       É um dos sentimentos mais traiçoeiros do mundo. Por mais que você queira se livrar dele, nunca consegue. É uma força maior, que sempre te dá uma razão a mais pra tentar.
       Você é lindo. Me surpreende a cada dia. Apesar das nossas visões diferentes, nossa compatibilidade é incrível. Eu sou menos sem você, e sei que a recíproca é totalmente verdadeira. Quando eu mais quero fugir disso tudo, vem você e me faz te amar ainda mais. Vem você e me faz redescobrir que, no final, quem importa realmente é aquela pessoa que enxerga o seu coração através dos seus olhos. Não importa o quão longe ela esteja.
       Desculpa se o que eu tenho é um coração cheio de dúvidas. Mas por enquanto isso é tudo o que eu posso dar. Toma, ele é todo e inteiramente seu.

               * Esses textos aí embaixo foram escritos ultimamente. Finalmente decidi postar.
          Li uma vez uma crônica que falava do sentimento de tristeza, que muitas vezes sentimos, mas que somos quase sempre obrigados à sufocá-lo - seja com um grande sorriso nos lábios, com uma música alegre ou com um fingimento suficientemente convincente. A autora dessa crônica, a ótima Martha Medeiros, dizia em seguida que temos todo o direito do mundo de curtir nossos maus momentos, quietos, sem sermos perturbados por pessoas que, muitas vezes sem saber o motivo da nossa tristeza, tentam nos animar de alguma forma.
          Hoje clamo a todos que não se preocupem com a minha dor. É claro que dói, machuca, dá vontade de explodir só pra não sentir mais essa atrevida que entra sem cerimônia no nosso corpo, na nossa alma, e que bagunça tudo o que tínhamos por certo. É claro que dá vontade de sair fugida de mim mesma até que essa tristeza pare de sambar de salto agulha bem no meio do meu peito. Ô se dá. Mas o lance é que dela não dá pra fugir. Ela vai ficar aqui até que eu aprenda a viver apesar dela, e então, nesse belo dia, eu vou voltar, como diz Martha Medeiros, anunciando o fim dessa dor, até que venha a próxima.
          Be patient.
       Era uma delícia acordar todos os dias e levantar correndo da cama pra te acordar. Era uma delícia a sua carinha feliz me olhando e me saudando com um "oi" preguiçoso assim que me via. Enrolar pra ir tomar banho só pra ficar um pouquinho mais juntos, tomar café da manhã na hora do almoço, ter companhia pra fazer tudo e nada, pra ficar em casa, ir ao cinema, sair pra jantar, contar todos os meus segredos sem ter a menor vergonha do que você ia achar...
       Eu não me lembrava do tanto que gostava do meu eu quando o seu eu está por perto pra me completar. Do tanto que gostava dessa cumplicidade, dessa compreensão, desse sentimento único. Te alegra, me alegra. Te dói, me dói.
       Fico chata sem você.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Descrição

"Uma pessoa, quando está longe, vive coisas que não te comunica, e tu, aqui, vive coisas que não a comunica.
Então, vocês vão se distanciando e, quando vocês se encontrarem, vocês vão se falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas?
E aí ele vai te falar, por cima, de tudo o que ele viveu, e, não sei, vai ser uma proximidade distante.
Não adianta, no momento que as pessoas se afastam, elas estão irremediavelmente perdidas uma da outra."

Certo

"Na vida, apenas uma coisa é certa, além da morte e dos impostos. Não importa o quanto você tente, não importa se são boas as suas intenções, você cometerá erros. Você irá machucar pessoas. E se machucar."
Não adianta passar por cima de suas vontades. Não vale a pena.

Sorte

"Sorte pra mim é sol no sábado. É pijama até às 3.
É reunir os melhores amigos com chapeuzinho de aniversário.
É saber que amanhã é sexta. E que os problemas já podem ser substituídos.
Sorte é saber que eu sou forte, capaz e saudável. E saber que eu não sou um monte de coisas.
Mas que posso ser.
É ter pra quem ligar quando eu quero rir. E ter alguém pra chamar quando eu quero colo.
É ter certezas. De que vai dar tempo. De que vai dar saudade.
E de que eu sou determinada a ponto de quebrar a cara - e de não desistir e nem fugir por isso.
É, acima de tudo, saber perceber que eu tenho sorte.
Sorte é ter um passado doce e um açucareiro nas mãos."

Sorte é, de repente, acreditar que realmente posso mudar a minha vida e que, por uma vez, vou me esforçar muito, mas muito, pra fazer diferente e pra fazer dar certo. E que, acima de tudo, sou capaz.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Minha hora

          É agora. Chegou a minha vez de me abrir e de lutar por uma mudança radical que será muito bem vinda. Vou, finalmente, lutar por algo real; pode ser que quebre a cara, mas no fim só vou ter a certeza de que valeu a pena. A partir de agora vou mostrar pra mim o que eu quero de verdade... Sem medo.
          É porque ele mexe demais comigo.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Descoberta


          E então descobri, sem muito procurar, uma das razões que me seguram num relacionamento de quase dois anos de idade. É o medo de me mostrar, de me abrir pra outra pessoa. Medo de ser julgada e incompreendida. Não sei mais se é amor, ou se tudo não passa de uma situação cômoda, com alguém que conheço e que me conhece, com quem tenho intimidade e para quem não preciso mais revelar meus segredos e medos mais profundos. Vivemos tudo juntos. É claro que ele é importante pra mim, e que nunca vou esquecê-lo. Mas hoje me pergunto: será que vale a pena? Será que vale a pena me fechar ainda mais no meu mundo e no que construímos por medo de me revelar para outra pessoa? Será que não vale a tentativa de viver algo diferente?
          Hoje descobri ainda que vou acabar me anulando se continuar com esse namoro do jeito que está. Quero alguém aqui comigo, pra sair pra jantar, ir ao cinema, dar o primeiro beijo no ano novo... coisas simples, mas que acabam fazendo grande diferença. Não quero mais a frustração de ver casais felizes desfilando por aí e não poder desfilar o meu casal por onde quiser. Não quero mais ter data de validade para o nosso tempo juntos... tudo começa tão bem, mas sempre acaba em despedida. Não deve ser assim, tão dificil. Definitivamente, não deve. É pra ser natural.